Fikções, opinadelas e cenas que tais: Generation Kill

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Generation Kill


Desconhecia esta mini-série de 2008 baseada num livro com o mesmo nome, de Evan Wright. Wright escreveu Generation Kill focando na experiência que ele próprio teve no Iraque acompanhando o 1º batalhão de reconhecimento dos Marines americanos e dá o mesmo o seu nome ao repórter da Rolling Stone da história. De resto, ele participa na adaptação da versão para televisão ajudando os criadores David Simon e Ed Burns (The Wire). Após alguma indagação constatei que a série levava uma pontuação acima do normal e fiquei intrigado. Já é norma a HBO pontualmente nos presentear com obras de arte neste formato (Band of Brothers, o hino delas todas) mas na realidade o tema deste GK não era dos que mais me atraía nesta fase, por uma ou outra razão.

No entanto, acabado de ver o último episódio reverti completamente a minha opinião, a série está muito boa e traduz de uma maneira bastante diferente a abordagem americana vista por dentro na invasão do Iraque em 2003. Na sua essência a mini-série rega-nos com rajadas de choque e dúvidas, umas atrás das outras, num ritmo bem pensado e sem pressas, até que no fim da linha leva-nos a um beco sem saída, sem razão, confrangedor no mínimo. Assume-se que guerra é guerra, brutal, com um objectivo definido para os seus intervenientes seja ele qual for e com ou sem razão de acontecer, mas o que está em causa aqui não é bem essa questão de base apesar dela estar sempre bem presente.

No seio de um dos batalhões de marines de reconhecimento mais bem treinados e moralizadas caem uma multitude de dúvidas e conflitos internos pessoais ou de grupo, humanos antes de tudo. Apesar de estarem ávidos por entrar em acção como máquinas de combate moldadas especialmente para isso, estes marines são lambidos consecutivamente pelo inesperado, pelo confuso e incompreensível formato de guerra moderna e fundamentalmente pelos abanões frustrantes e desumanos originados por pura incompetência de comando, o qual põe o showoff antes de tudo. No inicio são contemplados com um repórter da Rolling Stone, Evan Wright, que os vai acompanhar na sua caminha até Bagdad, registando a sua viagem em background tomando as suas notas, constatando todas as demonstrações de ódio e músculo forjados, plásticos, mas que ao mesmo tempo e a passos largos são varridos em qualquer um dos intervenientes e os põe na corda bamba, sem qualquer rede de segurança.

Com produção, elenco, diálogos e actuações acima da média, mesmo muito bom. A mensagem, ou mensagens, são bem passadas.

9.

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