Fikções, opinadelas e cenas que tais: Os Coisos, 2011

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Os Coisos, 2011


Segunda feira 28 de Fevereiro, Kodak Theater, apresentação dos Coisos 2011. Spotlights on! Pestanas down....

Um imenso mar inócuo e redondamente insípido, eis os Coisos dos dias de hoje. A tão proclamada celebração máxima do cinema reduz-se a uma imensa passadeira vermelha de vaidades em que nada mais acrescenta a uma industria que esperneia no estado actual das coisas. E que, no entanto, reage e tem sabido reagir bem, que merecia bem mais e melhor, no seu conteúdo e essência. Mas mais não me desdobro sobre o que já toda a gente resmunga baixinho.

Contudo é sempre bom comentar e discutir o estado das coisas, ridicularizar quem de direito, e aproveitando a deixa para, somando 1+1 (vá lá, não custa), tentar clarificar o que não é necessário: The Kings Speech é um filme competente, não há que enganar, competente, bem produzido, montado e com actuações excelentes. Melhor filme? Realizador? Argumento!? Como diz James Franco a dado momento em 127 Hours: Ups!

Não me gozem, até Toy Story 3 está uns pontos acima nestas três estatuetas, no conteúdo. Epá, não se mirrem ao ridículo ó meus, até já dá pena. Quer dizer, não bastava deixar de fora filmes excelentes como um The Town ou um Shutter Island ainda fazem uma destas? Agora dão pontos pelo aspecto da coisa? Ah e tal, este até me parece bem, um toque de sumptuosidade, clássico, não trás muito de novo, não arrisca, é, vai ser mesmo este, é seguro. Poupem-me. Melhor actor ainda vá, apesar de ombrear com outras grandes actuações, e no meu ponto de vista não era escândalo nenhum se levasse a de actor secundário, mas singelos camaradas, basta olhar um bocadinho e somar os tais 1+1, a sério que não custava mesmo nada:

- Black Swan - nem valeria a pena comentar sobre este mas aqui vai: filme claustrofóbico e conturbadamente rico, uma amalgama psicológica que bate constantemente nos sentidos dos espectador, um thriller fino e raro com o factor "interessante" a anos luz de TKS;
- Inception - uma viagem alucinante em espiral pela criatividade elevada ao cubo, um dos melhores filmes de ficção da década que merecia algo mais que os eternos técnicos. Nolan é mestre. Acordem! Afinal efeitos especiais nos dias de hoje não são só bonitos de se ver, são meras ferramentas para conseguir atingir uma meta, resultado, e não o contrário! Reparem lá vamos, muitos vêm também com argumentos, são filmes assim que fazem esta coisada toda andar para a frente e obrigam um tipo pagar o estupro que é um bilhete de cinema, vá, abram os olhos;
- The Fighter - ir ao topo do mundo e deixar-se cair ao abismo, bater no fundo e lá ficar, arrastando tudo e todos à sua volta, um excelente retrato de uma face decadente do universo desportivo do boxe. Filme sorrateiramente de eleição;
- 127 Hours - um hino à sobrevivência este o do episódio real na vida de Aron Ralston (http://en.wikipedia.org/wiki/Aron_Ralston). Antes de tudo um hino à vida e à esperança, permitam-me. Com uma realização de excelência , mais uma, de Danny Boyle e com um James Franco que me espantou, genuinamente;
- The Social Network - Filme marcante sobre um tema tão actual e de impacto Universal quanto o é na realidade, montagem excelente. Merecia o mesmo tratamento que teve nos Globos de Ouro;
- True Grit - um dos melhores filmes sobre o Oeste americano que já vi, a actuação deliciosa do eterno "The Dude" é inclassificável, e com uma interpretação notável da pequena Hailee Steinfeld (heads up!);
- Winters Bone - Já aqui escrevi sobre este, parece um outsider mas não é, acreditem, é desta matéria que se fazem os bons filmes. Excelente.

Toy Story 3 parece-me deslocado, não me prenuncio mais além do que já disse em cima. The Kids Are Allright não vi.

Resumindo, bom lote de filmes, estava esperançado (not...) que isto entrasse alguma coisinha nos eixos, havia dilema na escolha e o problema poderia ficar por ai, mas prontos, uma vez mais borram a pintura e escolhem o elo mais fracote, apesar de, repito, ser um bom filme. Coisa previsível, estéril, chata, apenas a renovação da constatação da pura estupidez anual dos Coisos, nada mais.

Um grande bocejo, viva o Sundance e os festivais europeus...

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